quarta-feira, 2 de abril de 2014

Poema à Menina Morta



A luz se apagou.
Apagaram-se os sonhos.
Foram-se os belos dias,
As alegrias, os gritos,
As tristezas, tudo,
Tudo acabado.

Calou-se uma boca.
Fecharam-se dois olhos,
Dois olhos que brilharam,
Que enterneciam,
Que fulguravam.
Não. Não eram olhos.
Eram estrelas, sim estrelas...
Eles cintilavam, eles...
Eles exprimiam o infinito.

Mas, como, porquê?
Quem a levou, quem?
As estrelas? O céu? A terra?
Ah! A água! Impiedosa.
Maldita sejas assassina.
Tu levaste uma flor,
Sim, uma flor, como a rosa.
Tu rompeste o estame,
O estame de uma mocidade.

E agora, José, e agora?
Ela deixou-nos. O infinito
Aquele infinito a tragou.
Mas ainda há algo,
Algo nos legado por Aquele
Que um dia se fez mártir.

Conforme-se, José.
O paraíso a espera.
Ela não nos deixou
Ela mudou-se, ela
Foi para a terra das estrelas,
... a sua terra.




5-04-1962

Nenhum comentário:

Postar um comentário