Estavas
tão só...
Sentado
no tronco
Na
imensidão
Do
campo florido.
Tangias
as cordas,
Num
milagre de harmonia,
De
teu velho
E
decadente violão.
Estavas
perdido
Em
outra imensidão.
Naquele
mundo que é só teu
Da
tua provada e confusa mente.
Há
longo tempo
Padeces
deste mal.
A
idade que avança,
Que
te consome e te faz penar.
A
idade sublime, grisalha
Dos
anos incontáveis,
Mas
que traz a solidão
Quando
aperta, como o nó dos enforcados.
Cantavas
baixo
E
a voz já fraca, tremulante,
Se
unia num anseio, em agonia
Ao
som pungente das cordas como em pranto.
E
ao ver-te assim tão longe
Do
mundo, das gentes, da alegria
Exclamou
meu coração, por certo comovido,
Ao
som da música divina que brotava de teu ser
-
Chora, ó violão, chora.
Que
teu amo sofre
E
só a ti tem
Por
eterno companheiro.
-
Chora e não pares nunca
Apega-te
a ele para sempre,
Dê-lhe
todo o teu calor e componham juntos
O
mundo dos que são só.
23-05-1963
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