Anoitece
e
...
choro.
Desolado,
triste, imóvel
Vejo
o tempo passar e
...
penso.
Penso
a beleza, a doçura,
A
pureza que te envolvem
E
o quanto me fazes sofrer.
E
rolam-me as lágrimas,
Copiosas.
E
o tempo a passar.
Só
ele é feliz,
Deixa
tudo para trás,
Esquece
as tristezas
E
segue avante.
Mas
eu...
Não
sei esquecer,
Não
consigo andar,
Por
isso eu choro,
Lamento...
me aflijo
Por
nada... por ti.
E
vivo a sofrer
Desolado
e triste
Por
que só a ti sei amar.
Sentado
agora
Eu
choro.
Choro
por ti...
Choro
por mim...
Choro
por nós.
Vejo
o sorriso que é teu,
Mais
lindo que o dia.
Vejo
teus lábios tão puros,
Pequeninos,
rubros,
Mas
pertencem a outro,
Não
eu.
E
a dor que me mata,
E
os soluços que me afogam
Não
tocam a ti...
Por
que não me vês
Sou
nada, sou zero,
Sou
pobre coitado
Perante
os teus olhos,
(Oh!
Deus, e que olhos!)
Se
é que me vês.
Choro...
Amargo
pranto
E
sozinho comigo,
Sem
teu meigo afago,
Sem
as carícias sonhadas,
Sem
o amor desejado,
Desesperado
e iludido
Por
esta vida cruel
Só
penso em partir...
Partir
pra bem longe
De
ti e de tudo,
Da
vida e do sonho,
Onde
eu não possa sofrer,
Onde
a tristeza não vá,
Onde
chorar eu não possa.
Sonho
partir...
Mas
também é um sonho.
Deixar-te
eu não posso...
Forças
não tenho.
E
para sempre o motivo
Da
dor e de pranto
Estará
ao meu lado
Por
que só tu
Me
fazes sofrer...
Me
fazes chorar.
17-04-1963
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