quinta-feira, 3 de abril de 2014

Desespero d'Alma




Anoitece e
... choro.
Desolado, triste, imóvel
Vejo o tempo passar e
... penso.
Penso a beleza, a doçura,
A pureza que te envolvem
E o quanto me fazes sofrer.
E rolam-me as lágrimas,
Copiosas.
E o tempo a passar.
Só ele é feliz,
Deixa tudo para trás,
Esquece as tristezas
E segue avante.
Mas eu...
Não sei esquecer,
Não consigo andar,
Por isso eu choro,
Lamento... me aflijo
Por nada... por ti.
E vivo a sofrer
Desolado e triste
Por que só a ti sei amar.

Sentado agora
Eu choro.
Choro por ti...
Choro por mim...
Choro por nós.
Vejo o sorriso que é teu,
Mais lindo que o dia.
Vejo teus lábios tão puros,
Pequeninos, rubros,
Mas pertencem a outro,
Não eu.
E a dor que me mata,
E os soluços que me afogam
Não tocam a ti...
Por que não me vês

Sou nada, sou zero,
Sou pobre coitado
Perante os teus olhos,
(Oh! Deus, e que olhos!)
Se é que me vês.
Choro...
Amargo pranto

E sozinho comigo,
Sem teu meigo afago,
Sem as carícias sonhadas,
Sem o amor desejado,
Desesperado e iludido
Por esta vida cruel
Só penso em partir...
Partir pra bem longe
De ti e de tudo,
Da vida e do sonho,
Onde eu não possa sofrer,
Onde a tristeza não vá,
Onde chorar eu não possa.
Sonho partir...
Mas também é um sonho.
Deixar-te eu não posso...
Forças não tenho.
E para sempre o motivo
Da dor e de pranto
Estará ao meu lado
Por que só tu
Me fazes sofrer...
Me fazes chorar.





17-04-1963

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