Seguem
tristes
Frios
Mudos
Na
noite que é fria
Os
velhos
Não
falam
Não
riem
Não
olham para trás
Amar
já não amam
O
sofrer já não sentem
A
frieza do gesto
O
vidro do olhar
O
duro do passo
Traduzem
no fundo
Os
seres que a vida tornou
Não
vivem
Não
sonham
Não
esperam
Não
são
Máquinas
velhas
Os
velhos
Velhas
coisas
Que
a vida tornou
Já
choraram
Já
sorriram
Já
gemeram
Já
louvaram
Já
olharam esperançosos
O
futuro
Já
sofreram
Já
falaram
Já
falaram
Em
vão
Bronzes
que andam
Estátuas
da dor
Que
tiveram
Espelhos
de desamor
Da
indiferença
Do
ódio
De
que vítimas foram
Almas
secas
Como
os lábios
Almas
duras
Como
o gesto
Os
velhos...
Os
velhos homens não são
Homens
de gelo
Que
a vida tornou
Se
choram não choram
Se
riem não riem
São
seres que a vida
De
pedra tornou
Não
param os velhos
Os
velhos não sabem parar
Andar,
tropeçar,
Cair,
levantar, andar
Andar,
andar, só andar
Não
são peregrinos
Andam
só
São
oprimidos
Que
a vida tornou
Andam
por que o mundo é pequeno
Nele
não cabem os velhos
O
mundo é fechado
A
sete chaves, não se abre
Os
velhos não entram
Não
são reconhecidos
Quando
à porta
Chegam
sedentos
O
mundo não ouve
O
apelo dos velhos
Os
velhos não param
Adiante
caminham
O
amor do mundo
É
seco
É
duro
Não
é amor
É
farsa
É
gelo
Por
isso são frios
Os
velhos
Samaritanos
não há
No
mundo de bronze
Os
velhos existem
E
muitos e se calam
E
andam calados
Frios,
famintos
Os
velhos
Mudos
Os
velhos tão velhos
Que
a vida tornou
8-09-1963
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