quinta-feira, 3 de abril de 2014

A Imagem




Trago ainda em mim a doce imagem
Dum ente amado de imortal memória,
Dum vago rosto na cruel voragem
De minh’alma escura e sem história.

Procuro agarrá-la num anseio
E vejo com tristeza que ela foge,
Esquiva-se e busca por todo meio
Desprezar-me pra eu não a tenha hoje.

O castelo que outrora eu construíra
Com carinho e esperança a envolver-me,
Pra meu penar há muito já ruíra.

Em vão evito a treva a enoitecer-me,
Busco n’alma a paz que de mim partira
A imagem luz não vem mais socorrer-me.


27-09-1963



Nenhum comentário:

Postar um comentário